Atingidos de Santo Antônio têm casas demolidas

Demolição de casas da cidade de Porto Velho atingidas pela usina de Santo Antônio em Porto Velho.
Foto Roni Carvalho, Diário da Amazônia.
Mais de 100 famílias que foram indenizadas tiveram as casas demolidas ontem, porém segundo o MAB são umas trezentas as famílias atingidas no bairro ribeirinho de Porto Velho.
Do Diário da Amazônia:  A Santo Antônio Energia (SAE) deu continuidade ontem à demolição de casas no bairro Triângulo, iniciada na manhã da última sexta-feira. A tarefa foi executada com a utilização de maquinário pesado, que em poucos minutos colocava abaixo as moradias. A maioria é construída em madeira, algumas praticamente em cima dos trilhos da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM). Entre a vizinhança o clima era de tristeza. Muitos dos moradores desalojados viviam há 20, 30 anos no local, onde criaram vínculos fortes de amizade, e de uma hora para a outra foram retirados da margem do rio.
A demolição das casas é uma das ações previstas no Termo de Acordo de Conduta (TAC) firmado em fevereiro deste ano entre a SAE e o Ministério Público Estadual (MPE) e Federal (MPF), quando fortes banzeiros provocaram uma erosão fora do comum no barranco do Madeira, durante operações realizadas na Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, construída a poucos quilômetros do local.
O TAC garantiu o direito a uma indenização para cerca de 100 famílias, depois de um período em que a empresa negou a responsabilidade sobre a erosão, alegando que se tratava de um fenômeno natural, conhecido como terra caída.

De acordo com informações dos próprios moradores, foram demolidas as casas de famílias que já acertaram indenizações com a SAE. Atendendo ao TAC, cerca de 100 delas foram alojadas em hotéis, em fevereiro, até que a Justiça decidisse sobre o valor e o pagamento das indenizações. Palmira Lemos da Silva, 55 anos, uma das atingidas, afirma que a casa dela não foi ainda demolida porque não havia acertado o valor da indenização com a empresa. Ela explica que sobrevivia como pescadora e desde fevereiro ficou sem renda e vai requerer uma reparação na Justiça. “Eles têm que me pagar, já que indenizaram outros pescadores”.
A moradora também quer uma indenização para um familiar. ‘‘O pai dos meus filhos estava hospitalizado em fevereiro quando o local foi atingido pelos banzeiros e, por não se encontrar em casa, deixou de receber qualquer compensação”. Com o montante que espera receber, ela pretende comprar uma casa em um local onde tenha acesso ao rio para continuar pescando.
Adrieli Sorane, 24 anos, funcionária pública, acordou na segunda-feira com o barulho da demolição das casas no quintal. Como a casa dela fica longe do barranco, não foi retirada do local, mas considera com pesar a possibilidade de ter que sair do Triângulo: “Eu nasci e me criei aqui”, relatou. A funcionária pública aposentada Gesilda Guimarães de Freitas, 63 anos, viveu por mais de 20 anos no Triângulo, de onde se mudou para o São Sebastião. Ontem, ela foi visitar o bairro e ficou assustada com a demolição da casa dos antigos vizinhos. “É um pedaço da vida da gente que vai embora”, lamentou. (Ana Miranda).

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