CIMI realiza assembléia em Nova Mamoré



Carlito Oro Wari, da aldéia do Limão, Terra Indígena do Lages. Foto: CPT RO 

A Comissão Missionária Indigenista  de Rondônia (CIMI RO) abre hoje a assembleia anual no Salão Paroquial de Nova Mamoré. A Assembléia conta com a presença de Dom Bruno, bispo de Ji Paraná, de agentes e missionários do CIMI de Vilhena, Ji Paraná, Humaitá (AM), Porto Velho e regional de Guajará Mirim e diversos representantes dos povos indígenas do estado.
Domingo passado houve Celebração dos 40 anos do CIMI na missa da Igreja Matriz de São Francisco, em eucaristia presidida pelo bispo diocesano de Guajará Mirim, Dom Benedito de Araújo, e o pároco Padre Patriky Samuel Batista. Um numeroso grupo de indígenas oro wari de aldeias próximas se fizeram presentes, agradecendo desta forma o apoio que do CIMI vem recebendo faz anos, a partir dos contatos pacificando a relação dos indígenas e seringueiros, nos anos sessenta.
Os indígenas tinham sido dizimados pelas doenças e contágios nesta época, porém nas últimas décadas tem recuperado bastante população, dobrando o número, a pesar que continuam sofrendo muitas dificuldades, especialmente na atenção da saúde.
É tempo de celebração. Tempo de graça, de gratidão, de agradecimento ao Deus da Vida e aos povos indígenas por esses 40 anos de caminhada, de crescimento, de doação e presença solidária junto aos povos primeiros, originários desta terra. Veja o comunicado do CIMI RO com motivo desta celebração.



Indígenas Oro Wari em Nova mamoré RO. Foto CPT RO.
COMUNICADO DOS 40 ANOS DO CIMI EM RONDÔNIA
Quando nos dirigimos a Nova Mamoré para nos encontrarmos, refletir e analisar a realidade, a partir da memória perigosa de décadas de luta contra os opressores, dominadores e invasores dos territórios indígenas, ficamos abismados com o cenário de destruição que vem sendo implantado com a construção das duas hidrelétricas – Santo Antonio e Jirau. Repete-se o macabro cenário das quatro décadas de destruição: mata matada, capim semeado, implantando com a pata do boi a civilização desejada. Hoje mudam apenas os projetos, porém a lógica perversa da acumulação e destruição continua a mesma. E as principais vítimas são novamente os povos indígenas, com seus territórios negados ou invadidos e saqueados.
Celebrando o testemunho, sangue derramado e presença solidária
D. Benedito Araujo, bispo de Guajará Mirim, presidiu a celebração na Igreja São Francisco de Nova Mamoré. Igreja lotada. Pela primeira vez mais de trinta indígenas Wari, que são desta região, estiveram nos primeiros lugares da igreja. Tocaram sua flauta (hiruroi) e wakam (tambores). D. Bendito pediu perdão a Deus pelas vezes que a igreja foi omissa ou conivente, pelas vezes que os cristãos foram algozes e não irmãos solidários desses povos. Falou dos grandes projetos que continuam sendo implantados sobre os cadáveres dos povos que ali viviam e que continuam sendo impactados e desrespeitados em seus direitos e sua dignidade.
Também falou da importância de celebrar os 40 anos do Cimi, que possibilitou uma presença missionária profética,solidária,libertadora junto aos povos indígenas na região e em todo o país. Ao lembrar a responsabilidade de todos os cristãos pela ação missionária solidária e respeitosa com esses povos, pediu a Deus que nos livre dos preconceitos, dos conflitos, dos projetos de morte e de toda sorte de males que trazem injustiça e opressão.
Nós missionários do regional Rondônia e participantes nesta XXVII assembleia também externamos nosso sentimento de carinho e apoio solidário a esses povos, dos quais tanto aprendemos e que infelizmente continuam sendo tratados com descaso, preconceito ou racismo.
Rondônia que sonhamos
De povos felizes se respeitando, convivendo e se enriquecendo com os valores, sabedorias e conhecimentos partilhados. Com a natureza respeitada, convivendo com a pluralidade da vida semeada por Deus e que não deve ser destruída pela primazia do boi, da soja ou da cana. Essa Rondônia queremos construir com os povos indígenas e todos aqueles que atingidos e explorados pelos grandes projetos, com o acelerador de morte e destruição, implantado pelo atual modelo de desenvolvimento.
As constantes ameaças e violência sofrida pelo povos indígenas e nos últimos meses tendo-se intensificado contra o povo Kaxarari, localizados em Extrema – RO, que depois de muitas ameaças por parte dos fazendeiros e madeireiros que ilegalmente invadem seus territórios e não contentes com a ampliação do território, tem tomado proporção perversa, com o recente assassinato anunciado de João Kaxarari, sem que as FUNAI e Policia Federal e autoridades tomassem providencias para as constantes ameaças de morte que os lideres deste povo vem sofrendo, mesmo sendo notificados pelo povo, sobre as constantes ameaças de morte.

Nova Mamoré, 05 de Setembro de 2012.
Conselho Indigenista Missionário - Regional Rondonia



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