Operários abandonados pela Suez e Camargo e Corréia pedem ajuda.

Operário Helvécio Elidio, 52 anos, pai de dois filhos, ficou hemiplégico devido ao sofrimento e aflições causadas pelo calote da WPG/CAMARGO/SUEZ. Veja as declarações da Audiência Pública sobre as violações dos direitos humanos e trabalhistas realizada em Porto Velho: “Tenho dois filhos em Cacoal, um de 9 e outro de 12 anos. Ontem, um deles me ligou pedindo para que eu pelo menos comprasse um ovo de Páscoa... Eu estou nesta situação, sem receber há seis meses, sem mandar a pensão alimentícia a meus filhos e a minha preocupação não é em ir para cadeia, minha maior preocupação é porque meus filhos dependem desse dinheiro para viverem, minha preocupação é em faltar com meu dever de pai”. Este foi o doloroso desabafo do operário Helvécio Elidio, durante audiência pública sobre as violações de direitos humanos e trabalhistas nas Usinas do Madeira promovida pela Comissão Pastoral da Terra de Rondônia, Comissão de Justiça e Paz e Ministério Público do Trabalho.  
Na abertura da audiência, o arcebispo da arquidiocese de Porto Velho, Dom Esmeraldo Siqueira de Farias manifestou sua preocupação em relação aos grandes projetos voltados para a Amazônia, bem como seu apoio aos trabalhadores que representam todos os demais trabalhadores das usinas. Dom Antônio Possamai, também manifestou sua indignação quantos a esses projetos sujos que violam os direitos, derramam o sangue, desrespeitando a saúde humana, os direitos dos trabalhadores e a vida da natureza. A audiência foi realizada na manhã chuvosa do último dia 30 de março, no auditório da Igreja Catedral em Porto Velho.
Uma semana depois, Helvécio sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) no quarto onde se encontrava alojado junto com seus outros companheiros de trabalho abandonados pela WPG. Já não consegue mais falar direito e está com um lado do corpo todo paralisado. Depois de ficar vários dias hospitalizado, teve de ser levado para a casa de sua mãe em Cacoal, para continuar a receber atenção e tratamento médico.
O drama de Helvécio faz parte da gravíssima situação a que são submetidos os mais de 80 trabalhadores que foram abandonados na área de desmatamento da usina hidrelétrica de Jirau, desde setembro de 2011. Esses operários estão tendo os seus direitos trabalhistas violados pela subempreiteira WPG, empresa contratada para realizar os serviços de desmatamento da área a ser alagada e pelas empresas responsáveis pelo empreendimento - o consórcio ESBR (GDF-Suez, Camargo Corrêa, Eletrosul e Chesf).
Os operários não recebem seus salários desde outubro do ano passado e estão sobrevivendo graças a estarem alojados em um hotel (Hotel Guajará - Rua Miguel Chakian, 148 -Porto Velho- Tel.: (69) 3225-2762 3225-3227) e recebendo alimentação em um restaurante próximo, devido a determinação judicial que obrigou o Sitccero a assumir essas despesas. As famílias dos trabalhadores estão passando até fome nas suas cidades de origens. Os operários não tem recursos para mandar para seus familiares e não tem dinheiro sequer para comprar pasta de dente, remédios e outras necessidades básicas.
Eles denunciam que a GDF-Suez, Camargo Corrêa, Eletrosul e Chesf (consórcio ESBR) estão fugindo de assumir suas responsabilidades, alegando que o serviço foi terceirizado e que a responsabilidade seria da WPG. Mas a legislação trabalhista é muito clara a respeito e elas tem que assumir os encargos trabalhistas da terceirizada, já que se beneficiaram dos serviços dos operários e foram negligentes em acompanhar o cumprimento dos direitos trabalhistas.
Atingidos desabafam: " Resposta absurda do governo é reprimir os trabalhadores com a Polícia Federal. Quando é para reprimir operários a justiça e governo agem rápido. Por que não garantem o pagamento dos direitos dos trabalhadores da WPG-ESBR?"
Armados de submetralhadora, escopeta e pistolas semiautomáticas, agentes da Policia Federal impedem trabalhadores da WPG-GDF-Suez,Camargo Corrêa de reivindicar seus direitos no TRT-RO. Quando os operários fizeram uma passeata de protesto e foram ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) cobrar o fim da morosidade do processo trabalhista, na manhã do dia 27 de março, o prédio foi imediatamente cercado por agentes da Polícia Federal e policiais militares. Os operários se mantiveram do lado de fora do prédio durante quatro dias e por todo esse período um grande aparato policial se manteve de prontidão no TRT, para impedir a entrada no local, desse grupo de trabalhadores protestavam contra a situação que se encontram há vários meses, contra a WPG e consórcio ESBR e a morosidade da justiça. O TRT já havia bloqueado recursos do Consórcio, entendendo que ha responsabilidade com os trabalhadores, mas uma decisão preliminar do TST reviu o caso.
Os trabalhadores exigem solução urgente e na próxima sexta-feira, dia 27 de abril, nova audiência da justiça será realizada em Porto Velho para verificar a questão. Os trabalhadores exigem uma solução definitiva, pois já não aguentam mais esperar. A canalhice das empresas seria tão grande que fazendo protelações jurídicas, esperam vencer os operários pelo cansaço e absoluta falta de condições deles continuarem abandonados em um hotel de Porto Velho, somente recebendo alimentação. Muitos já foram embora para suas cidades e estados de origem sem receberem os direitos trabalhistas a que tem direito.
Acrescentam: "Cadê agora a ação dos ministros de Brasília, que levianamente acusam os operários de “vândalos e bandidos” e que são tão zelosos no trato com as grandes empreiteiras, como a Camargo Correa/GDF-Suez? Cadê a ação dos ministros de Brasília, que dizem que as condições trabalhistas na Usina de Jirau são excelentes, para agora garantir o cumprimento dos contratos de trabalho e punir o consórcio ESBR e empresas Camargo, Suez, Eletrosul, Chesf, que roubam descaradamente os direitos trabalhistas dos operários terceirizados utilizados para fazer serviço de desmatamento da área a ser alagada pela usina de Jirau?"
Também reclamam do sindicato: " A diretoria do Sitccero (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Rondônia), filiados a CUT, também são bastante afinados com o governo federal e não defendem os operários como deviam. O Sitccero se omite completamente de denunciar o roubo dos direitos trabalhistas cometido pela Camargo Correa, GDF-Suez e outras empresas do consórcio ESBR. A Liga Operaria denúncia que o advogado do sindicato, Flávio, chegou ao cúmulo de orientar os operários a desistirem do processo, dar baixa nas carteiras e ir embora para suas cidades de origem sem o recebimento devido dos acertos trabalhistas.

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