"O Brasil está se tornando a maior lixeira tóxica do mundo"


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A afirmação seria do senador do PDT da Rondonia, Acir Gurgacz, cobrando medidas de controle dos agrotoxico​s do governo federal. Em discurso no plenário e numa audiência pública na Comissão de Agricultura, Acir disse que as falhas na coordenação do trabalho de órgãos da agricultura, saúde e meio ambiente responsáveis pelo monitoramento do uso de agrotóxicos no País reduzem a eficiência do governo em evitar que alimentos contaminados cheguem à mesa dos brasileiros.

“Constatamos que falta uma política de governo que faça com que todos esses órgãos trabalhem alinhados, cada um em sua competência mas com o objetivo único de regular a produção e importação, controlar, fiscalizar e coibir o uso indiscriminado de agrotóxicos”, disse Acir. O senador cobrou a estruturação dos órgãos que atuam no setor ao saber que a Anvisa tem apenas 47 técnicos para esta função em todo o Brasil.

“Falta estrutura e desse jeito a agricultura é prejudicada”, disparou.O representante do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola, Guilherme Guimarães, defendeu a centralização do processo de monitoramento, com a criação de um programa único federal. A sugestão, no entanto, foi rejeitada por todos os representantes do governo. Falando em nome do Ministério da Saúde, Daniela Buosi ponderou que os órgãos que atuam no controle de agrotóxicos têm competências específicas, não sendo factível agrupar a ação de todos em um único programa. Ela, no entanto, defendeu a unificação das informações geradas.

“Um programa único para monitoramento é inviável, mas é importante que todos [os órgãos] coloquem seus pontos de vista e, ao final, se chegue a uma conclusão do que pode ser liberado” opinou.

ALIMENTOS CONTAMINADOS

A forma de divulgação das análises feitas pela Anvisa em amostras de alimentos foi outro aspecto muito discutido na audiência. De 2002 a 2010, foram analisadas 14.712 amostras de produtos disponibilizados nas gôndolas dos supermercados, conforme dados do representante da agência, Luiz Cláudio Meirelles.Para Alécio Maróstica, da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a agência deveria apontar os responsáveis quando identificar níveis inadequados de agrotóxicos em determinada cultura, para evitar que todos os produtores dessa cultura tenham prejuízos com a divulgação da informação sobre contaminação.

“O produto tem que sair da propriedade com responsabilidade técnica e essa responsabilidade tem que estar na gôndola do supermercado”, sugeriu.Luiz Rangel, da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, reconheceu que há falhas na comunicação dos resultados das análises, em especial quando há riscos para os consumidores. “Infelizmente não existe efetividade no trabalho que é feito. Temos nos esforçados para gerar informações, mas não temos conseguido ser competentes para comunicar essas informações científicas, razoáveis e com foco, e acabamos sendo vítimas de interpretações política-ideológica dos resultados”, disse.

RISCOS

No debate, Karem Friedrich, da Fiocruz, fez alertas sobre a gravidade dos casos de intoxicação registrados no país. Conforme informou, estão comprovados efeitos crônicos, após meses ou anos da exposição ao agrotóxico, como problemas no sistema cognitivo, motor e reprodutor, havendo ainda risco de aparecimento de câncer. “Efeitos crônicos podem aparecer mesmo após exposição a pequenas doses de agrotóxicos”, informou, ao cobrar a ampliação da capacitação dos laboratórios e uma melhorar atenção às populações expostas.

Na opinião de Leandro Feijó, do Ministério da Agricultura, o pequeno número de laboratórios para pesquisa de resíduos de agrotóxicos é um dos principais gargalos dos órgãos que atuam no setor. Já Cleber Folgado, representante da organização Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos, considerou alarmante o ponto a que chegou o consumo de produtos contaminados com venenos contra pragas. Conforme ressaltou, desde 2008 o Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos, inclusive de produtos já proibidos em outros países.

“O Brasil está se tornando a maior lixeira tóxica do mundo”, alertou.Ao final da audiência pública, o presidente da Comissão de Agricultura, Acir Gurgacz (PDT-RO), disse ser necessário apoiar a estruturação dos órgãos que atuam no setor. “O Brasil caminha para ser o maior produtor de alimentos do planeta e não tem estrutura mínima necessária para qualificar o nosso produto”, observou, ao informar que a comissão realizará outros debates com o propósito de identificar soluções para os problemas apontados.

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