O Rio Guaporé e as comunidades quilombolas

Casa da comunidade quilombola
de Santo Antônio do Guaporé

As águas estão altas nesta época no Guaporé. Porém o arròs de pato já està soltando cacho. Logo a alagação vai remeter, diz o pessoal de lá. Entretanto as comunidades continuam resistindo, sobreviviendo, trabalhando. Ainda nenhuma comunidade quilombola do Guaporé têm titulado o território. Depois da Ação Civil Pública do Ministério Público Federal, um termo de acordo foi assinado entre a comunidade ICM BIO e INCRA. Porém a prefeitura e o estado não aproveitaram a autorização para realizar novos equipamentos de infraestrutura e renovar as construções. O projeto de farinheira tocado pela RIOMAR com fundo de compensação do asfaltamento da BR 429 languidece, com as construções na metade e os maquinários abandonados. A mesma realidade para a farinheira de Pedras Negras. Aqui várias famílias estão abrindo sítios nos lugares ocupados tradicionalmente. As comunidades continuam a produzir farinha de água de excelente qualidade com o método tradicional. Apesar da falta de espaço para cultivo e o ataque na roça dos animais da floresta.


Farinheira de Santo Antônio construida na metade.
Pelo menos aqui tem energia elètrica para os maquinários. O Luz Para Todos está elaborando um projeto de energia para comunidades isoladas, que deve beneficiar Laranjeiras e Santo Antônio, com um sistema integrado de placas solares e motor a diesel.

Quem mostra um bom atendimento é a SEDUC, com o programa Raízes. Tem estudiu até quarta série e estudo até oitava. A professora de Santo Antônio tem oportunidade de se formar a través da universidade a distância do Polo dos Claretianos em São Miguel, onde acude uma vez por mês.

Também a secretaria de assitência social do governo estadual retomou as viagens do barco para o Guaporé. Quem assumiu o serviço é o Marlen Tour de Guajará Mirim. As reclamações são por conta da rapidez das viagens. Ninguém sabe a hora exata da chegada do barco. Quando chega logo vai embora, muitos não tem tempo sequer de chegar ao porto er ficam para trás. Nas comunidades bolivianas de Mateguá e Versalles, o barco passa sem encostar nem a voadeira.

Escola e em segundo plano, centro comunitário de Santo Antônio.
A prefeitura de São Francisco mantém o atendimento médico uma vez por mês em pedras e Santo Antônio. Na primeira, um infermeiro atende a comunidade.

Pela parte religiosa, o Pe. Adão de Cerejeira visitou Rolim de Moura e celebrou missa também em Mateguà e Pedras Negras. O pessoal espera a visita da Romaria do Divino para as próximas semans, porém este ano nenhum padre parece poder acompanhar os tradicionais romeiros. Muitas das capelas precisam de um plano de reforma e manutenção. O pessoal espera a visita em agosto de Dom geraldo, que por motivos de saúde não pode realizar em janeiro. Tal vez já possa estar acompanhado do novo bispo coadjutor de Guajará Mirim.

Seja pelas dificuldades e ou pelo  envellecimento, a tendência ainda é a reduzir os moradores. Em fevereiro faleceu o Seu Afonso, grande liderança de Pedras Negras. Em Santo Antônio duas das famílias foram embora. Embora o preço da seringa estejas em alta, os antigos seringais da margem direita do Rio São Miguel continuam de fora da proposta de demarcação do territòrio de Santo Antônio que està sendo negociada entre o Incra e a ICM Bio.

Na Bolívia reclamam de falta de remédios e de atendimento médico. Porém a negociação da castanha recebeu um grande impulso com a criação duma empresa governamental (EVA) em Riberalta, que está certificando a castanha orgânica e pagando até 120 $Reais a barrica (6 latas). Com o qual o produto da comunidade está muito mais valorizado. Diferente sorte tem a poalha, que é retirada em Matrinchá, que depende de intermediarios brasileiros para a venda.

Continua a entrada de muitos turistas e pescadores, mais por Rolim de Moura do Guaporé, especialmente na época de seca. O lugar estrá bem dinamizado com a construção da estrada de Alta Floresta. Porém entre os mais antigos não têm muito otimismo, como Seu Estanislau, que reclama que os de fora estão tomando conta de tudo.

Em Laranjeiras não conseguimos chegar, depois que deu prego em nossa bomba de água do barco Dom Roberto.

Lanchas na fazenda de cassol em Rolim de Moura do Guaporé no Rio Mequéns.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O acidente das usinas que nos esconderam

Santo Antônio do Matupi, no Km 180 da transamazônica.

POLICIAIS INVADEM E AMEAÇAM FAMÍLIAS ACAMPADAS EM RONDÔNIA