Jornada de lutas do MST relembra 15 anos do massacre de Eldorado dos Carajás
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está promovendo desde ontem (10) a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, que deverá se estender até o próximo dia 17. A data foi consagrada como Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária, em memória aos camponeses mortos no massacre de Eldorado dos Carajás, no estado brasileiro do Pará.Na madrugada do dia 17 de abril de 1996, 19 trabalhadores sem-terra, acampados em um latifúndio improdutivo de Eldorado dos Carajás, foram mortos pela polícia.
Outras 69 pessoas foram mutiladas e centenas ficaram feridas. As famílias sobreviventes da tragédia, moradoras do Assentamento 17 de Abril, lançaram, hoje, um manifesto contra a impunidade do caso e em memória às vítimas. "Pelos nossos mortos e pelos sobreviventes nos manifestamos. Pela reforma agrária, pelo fim do latifúndio e sua força jurídica nos manifestamos e exigimos justiça”, declaram.
Até hoje, o processo dos 144 policiais acusados já teve muitas reviravoltas. No júri de 2002, apenas dois envolvidos, o Coronel Pantoja e o Major Oliveira foram condenados, a 228 e 154 anos de prisão, respectivamente. Entretanto, ambos respondem em liberdade, beneficiados pelo segundo habeas-corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), este ano.Os assentados exigem reparação política e econômica às famílias dos mortos do Massacre de Eldorado do Carajás, assim como um plano de julgamento por parte do Tribunal de Justiça do Estado (TJE) para os casos emblemáticos. Eles querem que os dois comandantes condenados cumpram a pena que receberam e que os outros 142 policiais envolvidos no crime sejam submetidos a novo júri.
Além disso, reivindicam a execução da reforma agrária; assentamento para as quase cem mil famílias acampadas no Brasil; um plano de reestruturação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e das suas superintendências na Amazônia, principalmente no Pará.
No manifesto, as famílias agradecem aos que foram solidários na denúncia do massacre e no pedido de justiça, lembrando estudantes, artistas, professores, intelectuais e a "(...) grande massa do povo que, desde o primeiro instante não nos pediram conciliação dos interesses inconciliáveis, mas luta e organização”, sublinham.
Ainda como parte da programação da Jornada de Lutas, o Assentamento 17 de Abril promoverá diversos atos políticos e culturais. Serão oficinas de teatro, dança, poesia, música e artes plásticas; sessões de cinema, o Cine Terra; a inauguração da Biblioteca José Saramago e da Rádio Camponesa na comunidade e show com artistas engajados na luta pela Reforma Agrária.
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