Mensagem da Arquidiocese de Porto Velho na despedida dos companheiros Eduardo Valverde e Ely Bezerra

Dom Moacyr Grechi, Arcebispo de Porto Velho

A morte de Eduardo Valverde e Ely Bezerra nos toca profundamente; é uma perda que todos  nós estamos sentindo e sofrendo. Jesus também chorou a dor da morte de seus amigos. Como somos frágeis, limitados e finitos diante da morte.
         De Eduardo Valverde podemos repetir com Santo Agostinho: “Caminha seguindo o homem e chegarás a Deus”. Sim, porque ele merece ser exaltado por todos nós pela sua trajetória política, sua vida cristã e participação na caminhada eclesial e, sobretudo, seu amor ao povo mais sofrido de Rondônia. 
Muitas vezes, comungamos com ele suas inquietações e projetos e, com muito interesse e dedicação ele soube ouvir nossas comunidades e os anseios daqueles que lutam pela justiça social e defesa da vida. Ele merece ser homenageado e seu exemplo seguido por todos nós. 
Nossa fé nos faz afirmar que, como na natureza tudo o que cai na terra acaba se transformando em húmus que fertiliza o chão e possibilita a continuidade do ciclo da vida; assim sua vida que, devido ao acidente trágico,  para nós foi "ceifada antes da hora", é acolhida no chão de Deus e Ele quem a transforma, dando continuidade ao grande processo da vida.

            Professor Ely, como era chamado carinhosamente, pelos companheiros do partido, pelos seus alunos e pelos amigos da Rádio Caiari, deixou-nos um testemunho de credibilidade como analista político e apresentador nos programas Entre Nós e Voz de Rondônia que não será esquecido e oxalá, seu exemplo possa ser seguido por todos os comunicadores dos veículos de comunicação.

         A morte de Eduardo Valverde e Ely Bezerra, que hoje nos faz chorar, relativiza a nossa vida e o nosso mundo, questionando-nos e abrindo os nossos olhos racionais, tão ofuscados pelo materialismo do ter, e nos faz ver a vida de maneira mais profunda. A morte nos revela o que realmente é a vida, o que verdadeiramente é essencial e vital. Podemos dizer que a morte não é sem sentido. É um chamado à conversão aos verdadeiros princípios e valores que iluminam e dão sentido à vida. Ela nos convida a vermos a vida para além do horizonte desse mundo, nos revela que a existência humana não se limita ao planeta Terra.
Mas o cuidado pelo planeta enquanto nele vivemos, Eduardo Valverde soube demonstrar, quando representou o Brasil, como deputado e convidado da ONU, representando o Congresso Nacional, participando da 5ª Edição do Fórum Urbano Mundial, principal evento de urbanismo do mundo, entre 22 e 26 de março de 2010, no Rio de Janeiro. Nesse Fórum, que teve o tema: “O Direito à Cidade: Unindo o Urbano Dividido”,  Valverde falou sobre “Mudanças Climáticas e Assentamentos Humanos” e abordou o  impacto das Mudanças Climáticas no modo de vida e da renda das populações tradicionais da Amazônia. Foi aplaudido porque defendeu a terra que amava e a vida de seu povo, mas hoje temos a convicção de que ele sempre viveu e lutou por uma nova ordem para a Amazônia, sobretudo, para Rondônia. .
A estes nossos irmãos, a gratidão e as nossas preces. Aos familiares, nosso abraço e solidariedade.
Dom Moacyr Grechi
Arcebispo de Porto Velho

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