Cahulla e o latifúndio no Cone Sul de Rondônia

Indústria do latifúndio avança no Cone Sul de Rondônia com apoio da polícia do Governador João Cahulla do PPS
Acampados já produzem na terra da União

Autor: Xico Nery


Porto Velho, Rondônia - Enquanto o governador João Aparecido Cahulla do PPS (Partido Popular Socialista) corre de alianças políticas e de eleitores indecisos, a Polícia Militar é acusada de patrocinar o medo e a violência nas áreas de conflitos agrários localizadas no Cone Sul do estado sob o olhar complacente de autoridades estaduais federais apáticas com a questão da luta pela posse da terra em zonas territoriais pertencentes ao Estado e à União Federal.

Segundo líderes campesinos, "o nó górdio da questão agrária em terras da União situa-se, ainda, no Cone Sul de Rondônia". Em contato com este site de notícias, eles disseram que, "a situação pode se agravar a qualquer momento por causa presença de policiais militares da temida P-2 (Serviço Reservado) onde moram e vivem as famílias de agricultores inscritos no Programa Estadual de Reforma Agrária (PERA)".

O ex-presidente da Associação dos Agropecuaristas de Vilhena (a 813 km de Porto Velho) - e atual secretário Regional do Governo de Rondônia, o fazendeiro Ilário Bodanese, "é principal interessado na repressão aos acampados nas áreas de conflitos agrários nas cidades de Vilhena, Chupinguaia e nos distritos de Novo Plano e adjacências. É dele a ação de manutenção de interpelações judiciais em nomes de fazendeiros que fazem uso de policiais miitares, pistoleiros e jagunços na região.
De acordo com o assessor jurídico da Comissão da Pastoral da Terra (CPT), advogado Afonso Maria das Chagas, o Acampamento Barro Branco, em Chupinguaia, "diuturnamente, vivem ameaçadas por policiais e guaxebas que defendem os interesses de Ilário Bodanese, Euzébio da Silva André, Arnaldo da Costa Esperança espólio e Leonilda Tonin André". As ameaças são de morte tocaia atrás de tôcos, queima de barreacos e intimidações a cidadãos que defendem as famílias, denuncia uma fonte deste site de notícias.
Diante desse quadro, as famílias de acampados temem que o episódio em que, no dia 9 de agosto de 1995, trabalhadores sem terra - e um grupo reduzido de policiais miliatares - foram assassinados covardemente na Fazenda Santa Elina, em Corumbiara, venha a se repetir no cenário onde Ilário Bodanese e fazendeiros associados Agrovil (Associação dos Agropecuaristas de Vilhena), "parecer ser o detentor da atuação da polícia e da Justiça locais", ironiza uma segunda fonte do distrito de Novo Plano.
É a segunda vez que o governador João Cahulla - candidato a reeleição - tem o nome vinculado a casos de conflitos agrários. Na primeira vez, ele surgiu na ocupação, também em terras da União, no distrito de Extrema, onde o irmão Wilson Cahulla, "tenta expulsar quase três mil famílias dos arredores da Fazenda Gobbi", de suposta propriedade da família do governante.
A área medindo cerca de dois milhões de hectares, antes pertencia a uma reserva e foi extinta quando Cahulla sucedeu o hoje senador eleito Ivo Cassol do Partido Progressista (PP). Tanto a situação em Chupinguaia, quanto em Extrema, faz da Polícia Militar rondoniense junto às famílias de trabalhadores sem terra, "a imagem do terror e do medo no campesinato regional", se queixa o líder campesino Sérgio Brito, do distrito de Porto Velho, não satisfeito com a falta de solução do problema que já se arrasta há mais de cinco anos.

TENSÃO EM CHUPINGUAIA - O Acampamento Barro Branco é ocupado por 65 famílias cadastradas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), através do Programa Estadual de Reforma Agrária (PERA) pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). - A região vive em pé de guerra e se tornou um verdadeiro estopim de pólvora", afirmam trabalhadores sem terra de Novo Plano. Segundo essa fonte, "grande parte da culpa cabe ao superintendente do INCRA, Carlino de Jesus, que demorou a agilizar os processos de vistorias técnicas nas terras da União ocupadas, desde o tempo do ex-chefe do Núcleo do órgão, em Pimenta Bueno, o paraguaio naturalizado brasileiro, Oscar Parra".
A patia de Carlino e Parra, contam lideres campesinos, "levou ao caos e gerou grande tensão entre acampados e latifundiários de Vilhena a Capital". Indicados pelo deputado federal, Anselmo de Jesus (PT), ambos não souberam administrar os conflitos na região. Em 2006, líderes dos acampamentos Barro Branco, Água Boa, Terra Boa, no distrito de Novo Plano, em Chupinguaia, foram rechaçados na presença do bispo Dom Antônio Possamai em reunião do INCRA, cuja mediação foi da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e da Diocese de Ji-Paraná, respectivamente.
À época, o presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Tácito Pereira e assessores de Anselmo de Jesus, foram acusados de "fazerem ouvidos de mercador" por terem apurado as denúncias com Oscar Parra, inclusive em denúncias de assédios a mulheres acampadas do Acampamento Terra Boa e outros. Além do uso de policiais militares à paisana, Parra foi acusado de uma série de supostos crimes administrativos enquanto teve à frente da Unidade do INCRA, em Pimenta Bueno. No rosário dos casos, consta a liberação de uma estrada a fazendeiros no distrito de Nova Conquista, bem como de ter fundido um veículo da Unidade de Colorado do Oeste.
- Essas denúncias nunca foram apuradas, afirmam trabalhadores sem terras do Acampamento Barro Branco.
Os Acampamentos Barro Branco, Terra Boa e Água Boa são terras públicas pertecentes à União Federal. Segundo o departameto juridico da Comissão Pastoral da Terra (CPT), "o título exibido por Ilário Bodanese, Euzébio da Silva André, Arnaldo da Costa Esperança e Leonilda Tenin André, já foi cancelado administrativamente e agoira, o INCRA ajuziou uma ação ordinária de retomada contra os supostos donos da área em litígio. O processo tramita na Justiça Federal. No entanto, desde que os autos subiram para outra instância, "as famílias vêm sofrendo ameaças e perguições", disse Afonso das Chagas, em relatório à Justiça Federal.
Os acampados do Barro Branco identificaram como supostos autores dessas ameaças, policiais militares lotados no Serviço Reservado do 6º Batalhão, em Vilhena - a temida P-2 . Além de conhecidos pistoleiros e jagunços acantonados em fazendas da região de Vilhena, Chupinguaia e Corumbiara (desta cidade, atestaram a presença do pistoleiro alcunhado de O NÊGO DO CHAPÉU, remanescente do Massacre de Corumbiara que é dono de um supermercado na Cidade Clima, O Portal da Amazônia) e outros que cumprem condici8onal que haviam sido condenados em assassinatos de sem terra que cumpriam pena em Colorado do Oeste.

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