Soja em Rondônia: Visita de Luc Vankrunkelsven


A CPT Rondônia recebeu a visita do frei belga Luc Vankrunkelsven, que faz anos conhece o Brasil e tem se especializado na análise do agronegócio da soja, tendo escrito três livros sobre o assunto: “Navios na calada da noite” (Cefúria Curitiba, 2007), “Aurora do campo Soja diferente”, (Curitiba 2008)e "Brasil - Europa em fragmentos?"(Ed Gráfica Popular Cefuria, 2010. Na primeira visita dele na Amazônia, Luc esteve em Plácido de Castro, no Acre, participando do curso da grande região noroeste da CPT (Roraima, Amazonas, Rondônia e Acre) Na volta a Rondônia parou em Ji Paraná e a caminho de Cuiabá visitou o Cone Sul, região onde o plantio de soja e cana de açúcar mais tem avançado em Rondônia. Eis a crônica enviada por João Damásio, veterano agente da CPT-RO na região onde analisa as causas da entrada da soja do ponto de vista dos pequenos agricultores.

VISITA DE JOÃO DAMASIO, DENIZE, APARECIDO E LUC AS PROPRIEDADES E FAMÍLIAS DE AGRICULTORES DE CEREJEIRAS – RONDÔNIA.

Foi um dia ( 24/04/10 ) de muitas andanças entre Colorado e Cerejeiras, para visitar algumas propriedades e aproveitar um encontro de Setores da Paróquia para uma conversa rápida com os proprietários.

Em conversa com algumas famílias pela manhã, precisávamos entender o processo da chegada da soja na região e o esclarecimento foi este: Era uma região que se plantava de tudo; arroz, feijão, milho, mas com predominância do gado tanto de leite como de corte.
Com o passar do tempo diminui o plantio do feijão, do arroz e outras culturas e passou-se a cultivar somente o gado de corte e de leite. Criou-se um outro problema com a monocultura do gado; a CIGARRINHA. As pastagens foram sendo devoradas pela Cigarrinha. Não existia interesse por parte dos agricultores em resolver o problema e aqueles que tentavam não conseguiam obter bons resultados, pois, as pragas vêm de outras pastagens. Resultado, plantar soja. Sai de uma monocultura para outra e com um agravante muito sério; o uso excessivo dos agrotóxicos causando grandes danos a saúde e ao Meio Ambiente.

O GRANDE PROBLEMA.
Como muitos agricultores não tinham condições de trabalhar a terra com implementos agrícolas, começam a fazer arrendamento e aluguel de suas propriedades por meio de contrato, variando entre Um e Cinco anos para grandes proprietários vindo de outras Regiões, Sul e Centro Oeste e até mesmo local. Com isso muitos deixaram suas propriedades e foram morar na cidade e não retornando a sua base. Perda de identidade camponesa.
FORMA DE CONTRATO OU ALUGUEL.
Os contratos não variam muito e mesmo se dá com uma renda de 20 sacas de soja por alqueire. O contratante tinha direito de usufruir da propriedade para fazer o Plantio da chamada SAFRINHA DE MILHO.
Agora para 2010, alguns agricultores mudaram o seu contrato cobrando também uma taxa por alqueire da Safrinha de Milho, 5 sacas.
CANA.
O plantio da cana deu uma parada em vista a lentidão para a liberação da Usina e muitos acreditam que esta não será possível e com isso esfriou o entusiasmo pelo plantio. Mesmo assim são Centenas de Hectares de cana plantada no Município de Cerejeiras.

NO SETOR.
Foi uma conversa bastante franca do Sr Luc com a comunidade e ele conseguiu questionar o grupo e o mesmo respondendo positivamente as colocações. O grupo sentiu que a discussão era muito importante e solicitou para que Ele voltasse um todo para tratar sobre o Assunto. Conclusão da comunidade reunida: A soja expulsou nossas famílias. Antes éramos muitos, hoje somos poucos e cada vez esvaziando mais as nossas comunidades.

João Damásio Vieira – CPT RO

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O acidente das usinas que nos esconderam

Santo Antônio do Matupi, no Km 180 da transamazônica.

POLICIAIS INVADEM E AMEAÇAM FAMÍLIAS ACAMPADAS EM RONDÔNIA