Dengue, revolta e medo no Madeira
O ano 2010 também inícia em Porto Velho em meio duma epidemia de dengue que lota os hospitais e postos de saúde da capital de Rondônia, e que muitos acham que em parte se agrava pelo desmatamento provocado pela construção das hidrelétricas do Rio Madeira. Grande número de novos trabalhadores continuam a chegar à cidade a busca de emprego. Sangue novo para os "carapanás", os mosquitos da região, os novatos são vítimas propícios na difícil de aclimatação neste inverno amazônico, com muitas chuvas, inúmeras poças de água e altíssima humidade do ar.
Nova Mutum, construída pra os trabalhadores e atingidos da barragem do Caldeirão do Inferno.
Enquanto muitos dos atingidos pelas barragens ficam vendo perder seus meios tradicionais de vida: terra fértil e peixe abundante, em troca apenas de uma indenização econômica, ou duma casa prefabricada na vila em construção da Nova Mutum. "Para as empresas somos apenas lixo" desabafa uma moradora atingida, entrevistada neste mes de dezembro, depois que a triste realidade da voracidade ganaciosa dos consorcios desmentisse o seu sono duma vida melhor com as construção das barragens.
Foto Dana Merrill, a inícios do século XX na construção da ferrovia Madeira Mamoré.
Também Porto Velho alagou baixo as chuvas torrenciais do último dia do ano, os trabalhadores das barragens olham com apreensão e medo a rápida crescida do Rio Madeira, que já está perto da beira do Cai d'Água. Muitos temem que se repitam as tragédias da construção de ferrovia Madeira Mamoré, quando as águas arrastraram centenas de metros de terraplanagem recém construída, matando muitos trabalhadores. O Rio Madeira enche rapidamente com o degelo das neves andinas do Peru e da Bolívia, e as águas do Guaporé, do Machupo, do Mamoré, do Madre de Dios e do Beni aportam os seus caudais, engrossados pelas chuvas torrenciais amazônicas. Fazendo honra ao seu nome, o Rio Madeira arrasta centenas de toras, paus e cochas de capim. Por causa das madeiras, o porto graneleiro de Porto Velho precisa duma empresa trabalhando continuamente para limpar o seu terminal.
Porto Velho alagado à 31.12.2009 Foto de rondoniaagora.com.br
E nas barragens em construção, enquanto as paredes de concreto ainda não foram construídas, o enorme volumem das águas fica perigosamente impremsado a menos da metade da capacidade natural do leito do rio, nos únicos braços que deixaram para as água fluir. O medo é que com a força da crescida, a incrível corredeira do Madeira estoure as barragens provisórias, construídas em base de toneladas e toneladas de pedras e de terra, carregando máquinas e trabalhadores. No sul de Rondônia já estourou uma barragem em construção, dois anos atrás, quando estava sendo construída. O processo ainda está correndo na justiça.
Foto: corredeira do Madeira na Cachoeira do Ribeirão, em Nova Mamoré RO.
A curto prazo, muita gente lucra com as hidrelétricas em Porto Velho: especulação imobiliária, emprego provisorio, movimento na praça. Porém estamos brincamos com a natureza, e ela mais cedo ou mais tarde pode dar o troco.
Nova Mutum, construída pra os trabalhadores e atingidos da barragem do Caldeirão do Inferno.
Enquanto muitos dos atingidos pelas barragens ficam vendo perder seus meios tradicionais de vida: terra fértil e peixe abundante, em troca apenas de uma indenização econômica, ou duma casa prefabricada na vila em construção da Nova Mutum. "Para as empresas somos apenas lixo" desabafa uma moradora atingida, entrevistada neste mes de dezembro, depois que a triste realidade da voracidade ganaciosa dos consorcios desmentisse o seu sono duma vida melhor com as construção das barragens.
Foto Dana Merrill, a inícios do século XX na construção da ferrovia Madeira Mamoré.
Também Porto Velho alagou baixo as chuvas torrenciais do último dia do ano, os trabalhadores das barragens olham com apreensão e medo a rápida crescida do Rio Madeira, que já está perto da beira do Cai d'Água. Muitos temem que se repitam as tragédias da construção de ferrovia Madeira Mamoré, quando as águas arrastraram centenas de metros de terraplanagem recém construída, matando muitos trabalhadores. O Rio Madeira enche rapidamente com o degelo das neves andinas do Peru e da Bolívia, e as águas do Guaporé, do Machupo, do Mamoré, do Madre de Dios e do Beni aportam os seus caudais, engrossados pelas chuvas torrenciais amazônicas. Fazendo honra ao seu nome, o Rio Madeira arrasta centenas de toras, paus e cochas de capim. Por causa das madeiras, o porto graneleiro de Porto Velho precisa duma empresa trabalhando continuamente para limpar o seu terminal.
Porto Velho alagado à 31.12.2009 Foto de rondoniaagora.com.br
E nas barragens em construção, enquanto as paredes de concreto ainda não foram construídas, o enorme volumem das águas fica perigosamente impremsado a menos da metade da capacidade natural do leito do rio, nos únicos braços que deixaram para as água fluir. O medo é que com a força da crescida, a incrível corredeira do Madeira estoure as barragens provisórias, construídas em base de toneladas e toneladas de pedras e de terra, carregando máquinas e trabalhadores. No sul de Rondônia já estourou uma barragem em construção, dois anos atrás, quando estava sendo construída. O processo ainda está correndo na justiça.
Foto: corredeira do Madeira na Cachoeira do Ribeirão, em Nova Mamoré RO.
A curto prazo, muita gente lucra com as hidrelétricas em Porto Velho: especulação imobiliária, emprego provisorio, movimento na praça. Porém estamos brincamos com a natureza, e ela mais cedo ou mais tarde pode dar o troco.
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