Audiência Pública sobre o território miqueleno
São Francisco do Guaporé, 18/11/09
No dia 07 de novembro de 2009, a câmara dos vereadores de São Francisco promoveu uma Audiência Pública sobre a demarcação de terras dos povos indígenas puruborás e miquelenos, na linha 6 do distrito do Porto Murtinho. Estavam presentes no evento, autoridades de Seringueiras, São Francisco e Costa Marques; além do superintendente do Incra, João Luiz Esteves, deputado Lebrão, deputada Marinha Raupp e o senador Valdir Raupp.
O presidente da câmara, Ivo José, deu início ao evento dizendo que o objetivo da Audiência Pública era esclarecer para os moradores do setor do Porto Murtinho o andamento do processo de demarcação que começou em 2005. Sobretudo, fazer um abaixo-assinado para que seja aprovada a PEC 38/1999, que diz que toda demarcação de terras indígenas tem que passar pelo senado.
João Luiz – Incra, disse que não existe nada oficial sobre esse processo, que na verdade o que foi realizado em 2005 não passa de um levantamento para caracterização da região em que viviam os povos das duas etnias. Reforça ainda, que o Incra está trabalhando normalmente, continua com a regularização fundiária e com o Programa Terra Legal.
Valdir Raupp, diz que não é contra a criação de Reservas Biológicas, desde que isso não atrapalhe a vida de ninguém. Que a verdadeira área dos indígenas é o Limoeiro, e que é pra lá que eles devem ir, assim não prejudicaria ninguém. O único documento que existe oficialmente até agora é um relatório feito por uma antropóloga da Funai, mas que ninguém além da Funai, teve acesso a tal documento.
Marinha Raupp, diz que o importante é que os produtores não parem suas vidas por conta disso, que eles não devem vender suas terras e que continuem plantando. É necessário que o GT (grupo de trabalho) da Funai saia o quanto antes, para esclarecer de uma vez por todas a situação das terras aqui do Porto Murtinho.
O vereador Tonhão diz que tem alguém por trás da Funai. - “Sou obrigado a dizer que a igreja católica e o Pe. Zezinho são os responsáveis a incentivar os indígenas a entrar com o pedido de demarcação de suas terras”. Que existe muitas reservas já criadas, que “esse povo” deve ir pra lá, pra bem longe e deixar a nossa terra em paz. Pediu para que todos os católicos ficassem de pé, afirmando que é católico, e que não acho certo o que a Igreja vem fazendo com eles, querendo tomar suas terras.
O deputado Lebrão, diz que não existe terra indígena no Porto Murtinho (com deboche). A Funai quer criar uma reserva a qualquer custo, sendo que nem os índios querem voltar para onde eles saíram. Que temos que pensar no desenvolvimento regional, que aquele maconheiro (ministro do Meio Ambiente – Carlos Minc) só atrapalha. Que o Pe. Zezinho ameaçou o Gerson Paulino (produtor do porto) dizendo que se alguma coisa acontecer a ele, este seria o responsável. Não sabe por que têm tantos estrangeiros aqui nessa região (se referindo aos padres), que eles são todos espiões. Querem explorar nossas riquezas. Basta olhar para os meninos de olhos azuis correndo por ai e perguntar de quem são filhos. - Vamos desmembrar a reserva do Cautário intensificando o plano de manejo. Que a criação de reservas biológicas só barram o desenvolvimento. Vamos transformar o corredor ecológico da BR 429 em corredor de exploração. Vocês moradores, precisam defender suas terras com unhas e dentes, nem que corra sangue na canela. O CIMI e a Funai estão fugindo, só fazem barulho lá, mas na hora “H” sobra para nós vereadores e prefeitos descascar o abacaxi.
Fala de Jairo: Vamos mandar os índios para a fazenda Pau d´olho, para o Limoeiro. Eu não falo mal da igreja não, mas de uma pessoa que está por trás da igreja, um padre, é ele que está fazendo todo esse inferno. Cadê a Igreja pra se pronunciar, cadê o Bispo? Eu quero o bispo aqui explicando pra gente o que realmente está acontecendo, porque eles querem tomar nossas terras. Eu quero que eles venham aqui dizer que não querem tirar as terras de ninguém. Por que ele (bispo) não veio nessa audiência? Cadê o padre? Eu vou contar uma historia minha gente, que com certeza a historia de cada um de vocês aqui. “O meu pai vendeu tudo no Paraná e veio para Rondônia; comprou 200 hectares de terra. Desmatou, queimou, se sacrificou pra criar seus filhos, e de repente aparece um padre na casa dele e diz que aquela terra não era dele, que era dos índios e que ele tinha que sair de lá”. Esses padres não gostam de fazendeiros, eles não gostam de quem planta na terra, eles querem que a gente passe fome, se humilhe na fila do sopão, que a gente fique mendigando e passando necessidades.
A Audiência se manteve civilizada até o momento em que estavam presentes a Marinha e Valdir Raupp, quando estes foram embora começaram as falas com total falta de ética dos vereadores, prefeito Jairo e deputado Lebrao. Termina com os católicos todos indignados. Uns acreditando em tudo o que foi falado, dizendo que se o Pe. Zezinho aparece no porto Murtinho ele não sai vivo, e, outros dizendo que não havia necessidade disso acontecer, que quando a poeira já estava baixa, vêm esses políticos e pioram tudo. Como vai ficar a Igreja Católica agora? Enquanto ia acontecendo as falas acaloradas e completamente sem ética dos políticos, as folhas de baixo-assinado ia passando pelos moradores. Na minha opinião, eu acho que essa reunião não passou de intenção política, eles queriam aproveitar que o Valdir, Marinha e Lebrão estavam presentes na cidade para falar sobre as obras do município e organizaram essa audiência tendo o abaixo-assinado da PEC como fundo. Desde então, os católicos que estão se sentindo imensamente ofendidos, pedem um posicionamento da Igreja para que eles possam se defender.
Nota: Nem Dom Geraldo, nem o Pe. Zezinho, nem o CIMI, nem as lideranças dos miquelenos, não foram convidados.
No dia 07 de novembro de 2009, a câmara dos vereadores de São Francisco promoveu uma Audiência Pública sobre a demarcação de terras dos povos indígenas puruborás e miquelenos, na linha 6 do distrito do Porto Murtinho. Estavam presentes no evento, autoridades de Seringueiras, São Francisco e Costa Marques; além do superintendente do Incra, João Luiz Esteves, deputado Lebrão, deputada Marinha Raupp e o senador Valdir Raupp.
O presidente da câmara, Ivo José, deu início ao evento dizendo que o objetivo da Audiência Pública era esclarecer para os moradores do setor do Porto Murtinho o andamento do processo de demarcação que começou em 2005. Sobretudo, fazer um abaixo-assinado para que seja aprovada a PEC 38/1999, que diz que toda demarcação de terras indígenas tem que passar pelo senado.
João Luiz – Incra, disse que não existe nada oficial sobre esse processo, que na verdade o que foi realizado em 2005 não passa de um levantamento para caracterização da região em que viviam os povos das duas etnias. Reforça ainda, que o Incra está trabalhando normalmente, continua com a regularização fundiária e com o Programa Terra Legal.
Valdir Raupp, diz que não é contra a criação de Reservas Biológicas, desde que isso não atrapalhe a vida de ninguém. Que a verdadeira área dos indígenas é o Limoeiro, e que é pra lá que eles devem ir, assim não prejudicaria ninguém. O único documento que existe oficialmente até agora é um relatório feito por uma antropóloga da Funai, mas que ninguém além da Funai, teve acesso a tal documento.
Marinha Raupp, diz que o importante é que os produtores não parem suas vidas por conta disso, que eles não devem vender suas terras e que continuem plantando. É necessário que o GT (grupo de trabalho) da Funai saia o quanto antes, para esclarecer de uma vez por todas a situação das terras aqui do Porto Murtinho.
O vereador Tonhão diz que tem alguém por trás da Funai. - “Sou obrigado a dizer que a igreja católica e o Pe. Zezinho são os responsáveis a incentivar os indígenas a entrar com o pedido de demarcação de suas terras”. Que existe muitas reservas já criadas, que “esse povo” deve ir pra lá, pra bem longe e deixar a nossa terra em paz. Pediu para que todos os católicos ficassem de pé, afirmando que é católico, e que não acho certo o que a Igreja vem fazendo com eles, querendo tomar suas terras.
O deputado Lebrão, diz que não existe terra indígena no Porto Murtinho (com deboche). A Funai quer criar uma reserva a qualquer custo, sendo que nem os índios querem voltar para onde eles saíram. Que temos que pensar no desenvolvimento regional, que aquele maconheiro (ministro do Meio Ambiente – Carlos Minc) só atrapalha. Que o Pe. Zezinho ameaçou o Gerson Paulino (produtor do porto) dizendo que se alguma coisa acontecer a ele, este seria o responsável. Não sabe por que têm tantos estrangeiros aqui nessa região (se referindo aos padres), que eles são todos espiões. Querem explorar nossas riquezas. Basta olhar para os meninos de olhos azuis correndo por ai e perguntar de quem são filhos. - Vamos desmembrar a reserva do Cautário intensificando o plano de manejo. Que a criação de reservas biológicas só barram o desenvolvimento. Vamos transformar o corredor ecológico da BR 429 em corredor de exploração. Vocês moradores, precisam defender suas terras com unhas e dentes, nem que corra sangue na canela. O CIMI e a Funai estão fugindo, só fazem barulho lá, mas na hora “H” sobra para nós vereadores e prefeitos descascar o abacaxi.
Fala de Jairo: Vamos mandar os índios para a fazenda Pau d´olho, para o Limoeiro. Eu não falo mal da igreja não, mas de uma pessoa que está por trás da igreja, um padre, é ele que está fazendo todo esse inferno. Cadê a Igreja pra se pronunciar, cadê o Bispo? Eu quero o bispo aqui explicando pra gente o que realmente está acontecendo, porque eles querem tomar nossas terras. Eu quero que eles venham aqui dizer que não querem tirar as terras de ninguém. Por que ele (bispo) não veio nessa audiência? Cadê o padre? Eu vou contar uma historia minha gente, que com certeza a historia de cada um de vocês aqui. “O meu pai vendeu tudo no Paraná e veio para Rondônia; comprou 200 hectares de terra. Desmatou, queimou, se sacrificou pra criar seus filhos, e de repente aparece um padre na casa dele e diz que aquela terra não era dele, que era dos índios e que ele tinha que sair de lá”. Esses padres não gostam de fazendeiros, eles não gostam de quem planta na terra, eles querem que a gente passe fome, se humilhe na fila do sopão, que a gente fique mendigando e passando necessidades.
A Audiência se manteve civilizada até o momento em que estavam presentes a Marinha e Valdir Raupp, quando estes foram embora começaram as falas com total falta de ética dos vereadores, prefeito Jairo e deputado Lebrao. Termina com os católicos todos indignados. Uns acreditando em tudo o que foi falado, dizendo que se o Pe. Zezinho aparece no porto Murtinho ele não sai vivo, e, outros dizendo que não havia necessidade disso acontecer, que quando a poeira já estava baixa, vêm esses políticos e pioram tudo. Como vai ficar a Igreja Católica agora? Enquanto ia acontecendo as falas acaloradas e completamente sem ética dos políticos, as folhas de baixo-assinado ia passando pelos moradores. Na minha opinião, eu acho que essa reunião não passou de intenção política, eles queriam aproveitar que o Valdir, Marinha e Lebrão estavam presentes na cidade para falar sobre as obras do município e organizaram essa audiência tendo o abaixo-assinado da PEC como fundo. Desde então, os católicos que estão se sentindo imensamente ofendidos, pedem um posicionamento da Igreja para que eles possam se defender.
Nota: Nem Dom Geraldo, nem o Pe. Zezinho, nem o CIMI, nem as lideranças dos miquelenos, não foram convidados.
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